quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

QUARENTA ANOS

BANDEIRA

 

Feito árvore, que não nega sombra aqueles que a derrubam, avizinho-me dos quarenta, inabalado no meu amor incondicional à humanidade e em minha fé no futuro socialista da sociedade humana.

Adriano Espíndola em 19.12.2012

domingo, 14 de outubro de 2012

Raul Seixas: o mosaico de um metamofose ambulante


Em agosto de 2009, aos 20 anos da “última viagem” de Raul Seixas, publicamos uma matéria (“Por que tem que tocar Raul”, disponível no Portal do PSTU) em que destacávamos alguns aspectos da vida e da obra do nosso eterno “maluco beleza” que fazem dele figura única e sempre presente no cenário da música e da cultura brasileiras. 

Agora, o lançamento do ótimo documentário “Raul Seixas: o início, o fim e o meio” nos permite revisitar a vida do cantor através de entrevistas e imagens inéditas que formam um verdadeiro banquete para os apreciadores de Raulzito e também para todo e qualquer um interessado na história da cultura e da música nos últimos 50 anos. 


Um mosaico chamado Raul Seixas

Para além da cinematográfica vida que Raul Seixas teve, grande parte da qualidade do filme é resultado da competência e sensibilidade de seus dois diretores. 

Walter Carvalho, dono de uma obra extensa, é mais conhecido por filmes como “Central do Brasil”, mas também tem excelentes documentários no seu currículo, como “Notícias de uma guerra particular” (sobre a violência nas comunidades cariocas). Já o co-diretor, Evaldo Mocarzel assinou a direção de uma interessante série filmes com o título “À margem...” (da Imagem, do Lixo e do Concreto).

O domínio dos dois da linguagem do cinema para contar uma boa história fica evidente logo nos primeiros instantes do filme. Primeiro, da tela completamente preta, surge a voz de Raul lendo uma espécie de testamento para suas filhas. Corte rápido, ouvimos alguém declamando os versos iniciais de “Uivo” – “Eu vi os expoentes de minha geração destruídos pela loucura” –, o poema de Allen Ginsberg que, no final dos anos 1950, sintetizou a visão de mundo da geração beatnik. 

Mal o verso acaba, a tela é preenchida por imagens que revezam cenas do filme “Easy Rider” (“Sem destino”, um clássico da geração “hippie”) mescladas com as de um “clone” de Raul que vaga de moto pelo sertão. Tudo isto embalado por “Asa Branca” e desconcertantes acordes de guitarra.

Enfim, um mosaico digno da trajetória e obra de um sujeito que fez de sua própria vida uma “metamoforse ambulante”. Baiano, que cresceu escutando Gonzagão no rádio, Raul tornou-se fã alucinado de Elvis Presley, sem nunca deixar de reconhecer as influências que negros como Chuck Berry e Little Richard tiveram nas origens dos acordes e rebolados do “rei do Rock”.

Poeta “louco” que, particularmente nos anos 1970 e início dos 80, soube transformar em música o “grito contido” de toda uma geração marcada pela caretice e repressão da ditadura, Raul também foi um sujeito de grandes e conturbados amores, que resultaram em três filhas (para quem ele deixou todos seus bens e direitos autorais).

“Esquisitão” que nunca fez muito esforçou para se enquadrar nos padrões sociais, Raul transformou-se num ícone nacional, uma verdadeira lenda, que mais de 20 anos depois de sua morte continua vendendo 300 mil discos por ano e empolgando uma multidão de seguidores, muitos dos quais beiram o fanatismo. 

Tudo isto está no documentário. E o melhor: através de uma edição que, apesar de se destinar evidentemente a fazer uma homenagem ao cantor, tenta fugir da hipocrisia, vasculhando, inclusive, o “lado B” da vida de Raul, principalmente sua doentia relação com as drogas, particularmente o álcool e a cocaína, que o fizeram mergulhar em momentos de patética decadência e inegavelmente aceleraram sua morte. 

Mosca na sopa 
Sem ficar muito preso à ordem dos fatos, mas também sem deixar de lado os momentos-chave da vida do cantor e compositor, o filme também é um prato-cheio para os fãs de “carteirinha” e os amantes da música.

São particularmente interessantes os depoimentos de alguns dos principais parceiros de Raulzito. Há, por exemplo, a fala de Edy Star sobre o alucinado “Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10” (que ele, Raul, Sérgio Sampaio e Miriam Batucada produziram em 1971) e questiona qualquer suposição de que Raul tivesse problemas com gays, já que ele próprio e Miriam Batucada nunca esconderam suas orientações sexuais.

Como também, o público mais atento não deixará de se “divertir” com as tentativas do hoje “careta capitalista” Paulo Coelho em relocalizar a si próprio como parceiro do “maluco beleza”, como alguém que, como ele próprio diz, apresentou “todas as drogas” ao cantor e o introduziu nas bizarras seitas esotéricas-satanistas em que os dois se envolveram no princípio dos anos 1970 (anos em que Coelho, sintomaticamente, chama de “período negro” de sua vida, o que dispensa comentários...)

Uma tentativa brindada com uma sequência daquelas que só o cinema pode registrar: em entrevista (concedida na bilionária e requintada casa do escritor em Genebra), uma mosca “terceiro-mundista” fez questão de participar das gravações. O resultado precisa ser visto, para que se entenda o quanto a tal mosca contribuiu para o documentário.

O “lado B” de Raul
“O início, o fim e o meio” não se furta do período mais sombrio do cantor. Está tudo lá: os porres que inviabilizaram ou interromperam apresentações; a quebra abrupta da relação com mulheres, filhas e até mesmo sua degeneração física e mental. Contudo, tudo isso geralmente surge em depoimentos de gente que reconhece que Raul conseguiu nos brindar com obras maravilhosas até mesmo de seus piores momentos.

Afinal, não é qualquer um que pode sacar uma música como “A maçã” (“se eu te amo e tu me amas...”) de uma separação tempestuosa ou, ainda, produzir “Sociedade Alternativa” como síntese das relações com uma seita cuja confusão ideológica só não é menor do que a bizarrice de seus propósitos.

Pra assistir cantarolando
Registro digno da vida e obra de um sujeito cuja própria “definição” é a dificuldade de se definir, o documentário possibilita, principalmente para aqueles e aquelas que cresceram ao som de Raul, uma viagem instigante e emocionante pela vida e obra do cantor. E, por isso mesmo, em qualquer sessão do filme não faltam aqueles que façam coro acompanhando músicas como “Ouro de Tolo”, “Gita”, “Medo da Chuva” e tantos outros sucessos.

E a se considerar a bilheteria que o filme vem alcançando, é provável que sejam muitos os jovens que, ao sair do cinema, se lancem na descoberta do multifacetado Raul. O que, por si só, é ótima notícia. Afinal, há muito precisamos de um “maluco beleza” que sacuda a pasmaceira e mediocridade reinantes no cenário musical brasileiro. 

Fonte: Site do PSTU

POR WILSON H. SILVA
da redação do Opinião Socialista

domingo, 26 de agosto de 2012

À Beira do Caminho: uma reconciliação com a vontade de viver

Inspirado em músicas do cantor Roberto Carlos, filme traz um drama humano sobre uma tragédia comum a muitos brasileiros.


JOÃO PAULO DA SILVA
de Natal (RN), também escreve o blog ascronicasdojoao.blogspot.com


 
 
    Cena do filme de Breno Silveira

Exibido nos cinemas brasileiros desde o dia 10 de agosto, À Beira do Caminho traz um drama nacional que mistura beleza e simplicidade pelas estradas do país. Dirigido por Breno Silveira, o mesmo diretor de “2 Filhos de Francisco”, o filme narra a história de um caminhoneiro atormentado, que precisa encarar os fantasmas de seu passado e reencontrar a vontade de viver. Com fortes e belas atuações do elenco, que conta com nomes como os de João Miguel, Dira Paes, Ângelo Antônio e o surpreendente menino Vinicius Nascimento, o filme é mais do que uma história inspirada nas músicas de sucesso do cantor Roberto Carlos. À Beira do Caminho é, na verdade, um pedido de reconciliação com o lado mais humano de todos nós.


Passado mal resolvido
“A recordação é uma cadeira de balanço embalando sozinha” , dizia o poeta Mário Quintana sobre as lembranças que permanecem vivas, ainda que contra a nossa vontade. Esse é o drama que faz o caminhoneiro João, vivido de forma emocionante pelo ator João Miguel, se refugiar nas estradas do Brasil na boleia de um caminhão. Amargurado e embrutecido por uma tragédia pela qual ele se julga responsável, e que o espectador vai conhecendo aos poucos, João deixa para trás a cidade natal, a própria história e a vontade de viver. Envereda, assim, numa fuga impossível e angustiante, pois não consegue enfrentar suas recordações, que seguem lhe perseguindo justamente porque o solitário caminhoneiro ainda não encontrou coragem suficiente para aceitá-las e assumi-las.




O impulso para isso vem do menino Duda, interpretado pelo comovente Vinicius Nascimento. Órfão de mãe, Duda é um garoto em busca do pai que ele nunca conheceu. Com o objetivo de chegar a São Paulo, onde espera ansiosamente encontrá-lo, o menino se esconde na traseira do caminhão de João, que aceita levá-lo a contragosto. A partir daí, segue-se uma jornada de grandes emoções, revelações e de reconciliação com a vida. Os maiores ensinamentos são dados por Duda, com direito a frases tradicionais de pára-choque de caminhão, como quando o menino diz a João: “Você tem que fazer como um caminhoneiro, seguir em frente”. As histórias de João e Duda correm paralelas, como dois rios convergindo para o mesmo ponto. O que o garoto busca foi o que João deixou para trás.


“Eu voltei pras coisas que eu deixei”

À Beira do Caminho não deixa de ser uma homenagem ao cantor Roberto Carlos, considerado o “Rei”. O título tem certa justeza. É difícil encontrar alguém que não saiba cantarolar ao menos uma parte de um dos sucessos do Roberto. Uma popularidade alcançada com base no iê-iê-iê da Jovem Guarda base e no universo de lembranças e perdas amorosas retratadas nas composições românticas do cantor, tão comuns a tanta gente. O nome do filme, inclusive, foi inspirado na canção Sentado à Beira do Caminho, composta por Erasmo Carlos e Roberto Carlos, em 1969.

Entretanto, a história de João e Duda não pode ser resumida simplesmente a um tributo, muito embora quase toda a narrativa seja embalada por músicas de Roberto Carlos, a exemplo de “A Distância”, “O Portão” e “Outra Vez”, que se encaixam e complementam o drama. É mais que isso. “É a história de um homem que supera uma perda e reaprende a amar”, disse o diretor. Com roteiro de Patrícia Andrade, Breno Silveira fez um filme humano, sobre gente de carne e osso, sobre uma tragédia bastante comum aos brasileiros. Nesse “reaprender a amar”, À Beira do Caminho traz à tona uma reconciliação com a vontade de viver.

Imitando o verso “eu voltei pras coisas que eu deixei”, da música O Portão, a história mostra que a vida não é um exílio, mas um retorno para casa, e que, às vezes, é preciso voltar para poder seguir em frente.

Nota: em muitas cenas, este jornalista se flagrou aos prantos. Coisas da paternidade. Culpa do meu filho João Gabriel

Fonte: Site do PSTU, clique aqui e visite

Conheça também o Blog as Crônicas do João, clique aqui

domingo, 5 de agosto de 2012

Pablo Neruda: A meu partido

Me deste a fraternidade para o que não conheço.
Me acrescentaste a força de todos os que vivem.
Me tornaste a dar a pátria como em um nascimento.
Me deste a liberdade que não tem o solitário.
Me ensinaste a acender a bondade, como o fogo.
Me deste a retidão que necessita a árvore.
Me ensinaste a ver a unidade e a diferença dos
homens.
Me mostraste como a dor de um ser morreu na
vitória de todos.
Me ensinaste a dormir nas camas duras de meus
irmãos.
Me fizeste construir sobre a realidade como
sobre uma rocha.
Me fizeste adversário do malvado e muro do
frenético.
Me fizeste ver a claridade do mundo e a
possibilidade da alegria.
Me fizeste indestrutível porque contigo não
termino em mim mesmo.

Pablo Neruda
Canto Geral
Tradução de Paulo Mendes Campos
Revista por Maria José de Queiroz
Difel/Difusão Editorial – edição 1979

terça-feira, 19 de junho de 2012

Cartunista recria Jesus como astro punk ateu; religiosos protestam

 

Punk Rock Jesus

Minissérie será em preto e branco, mas Murphy tem
experimentado cores para acrescentá-las em outras edições


O cartunista Sean Gordon Murphy, 31, lançará em julho nos Estados Unidos, com tradução prevista para o português, a minissérie Punk Rock Jesus, que tem sido criticada por líderes religiosos e fiéis por causa do seu enredo: o filho de Deus é um jovem revoltado que se declara ateu e cria uma banda de rock punk. Murphy foi até ameaçado de morte pela internet.
A estória ocorre no futuro, mas com ingredientes de hoje e do passado. Uma rede de TV encomenda a clonagem de Jesus a partir do Santo Sudário, o manto que, dizem os crentes, o envolveu em seu martírio.
A TV “ressuscita” o Messias para que ele protagonize um reality show. Mas Jesus fica chateado com os produtores do programa porque excluíram a participação de sua mãe — com ela, a audiência caia. Jesus fica furioso, revela em transmissão nacional que na verdade é ateu e abandona o estúdio para se dedicar a sua banda de rock punk The Flack Jackets.


O Messias é acompanhado por Gwen, uma garota que tinha sido escolhida pela TV para lhe gerar um filho, e por um ex-membro do IRA (católico fanático) que assume a missão de seu guarda-costas. É esse personagem que conta a estória nos quadrinhos.
Murphy é um talentoso quadrinista. Já desenhou aventuras de personagens como "Batman" e "Vampiro Americano". É autor de minisséries como “Hellblazer: Cidade dos Demônios".

Sean Gordon Murphy

Murphy diz que quer quebrar tabus

Editado pela Vertigo, Punk Rock Jesus terá cinco edições em preto-e-branco, mas poderá ter versões coloridas. O enredo e o texto são de Murphy.
Ele comparou a reação de religiosos a esse seu trabalho aos artistas que são acusados em países mulçumanos de desrespeitar Maomé.
"Sou taxado de controverso porque a maioria dos cartunistas evita falar de religião, mas não podemos deixar que o conservadorismo nos impeça de tocar nesses assuntos”, disse ele a Douglas Gavras, que é colaborador da Folha de S.Paulo. “Desenho para quebrar tabus."

Com informação da Folha (só para assinantes)

Leia mais em http://www.paulopes.com.br/2012/06/cartunista-recria-jesus-como-astro-punk.html#ixzz1yHDd7k37
Paulopes informa que reprodução deste texto só poderá ser feita com o CRÉDITO e LINK da origem.

FONTE: http://www.paulopes.com.br/ FAÇA UMA VISITA CLICANDO AQUI

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sábado, 16 de junho de 2012

Filme traz vida e obra de Violeta Parra, a cantora rebelde que transcende gerações

DIEGO CRUZ
da redação do Jornal Opinião Socialista

Cartaz do filme de Andrés Wood

 

Num momento em que a imensa maioria das salas de cinema do país é dominada pelos blockbusters, uma bem-vinda exceção é “Violeta Foi para o Céu” (Violeta se fue a Los Cielos), de Andrés Wood, mesmo diretor do chileno “Machuca”. Co-produção entre Chile, Argentina e Brasil, o filme venceu o Sundance Festival 2012 e traz a vida da cantora Violeta Parra, uma das principais precursoras do movimento que ficaria conhecido como Nova Canção Chilena (anos 1960-1970), que resgatava o folclore do país e o utilizava como inspiração para novas obras, permeados de críticas sociais.

Baseado na biografia da cantora escrita por seu filho, Ángel Parra, um dos colaboradores do filme, Violeta foi Para o Céu não é tão político quanto o filme que tornou Wood conhecido, fazendo a opção de mergulhar no universo particular da cantora, e traçando um perfil poético e ao mesmo tempo realista de Violeta Parra. Para isso colabora a interpretação magistral da atriz Francisca Gavilán, que incorpora a personagem e sua inquietude, rebeldia e, ao mesmo tempo, tristeza e melancolia. A atriz chega até mesmo a interpretar as músicas da cantora com perfeição, o que requereu quase um ano de ensaio.

Abdicando da ordem cronológica da narrativa, o longa traz reconstituições da entrevista de Violeta Parra a uma TV argentina entrecortando diferentes fases de sua trajetória. A infância pobre convivendo com o pai músico e alcoólatra, a incansável pesquisa de canções folclóricas pelos rincões do país, a estadia no velho continente passando pela Polônia e França, e a volta ao Chile já como cantora consagrada.

Traz ainda um aspecto menos conhecido da biografia de Violeta, como artista plástica, a ponto de ter sido a primeira latino-americana a expor obras, no caso tapeçarias, no museu do Louvre, em Paris. Multifacetada, transitava com desenvoltura pela pintura e cerâmica. Questionada por uma jornalista se tivesse que escolher apenas uma dessas expressões artísticas, qual escolheria, Violeta respondeu: “Eu escolheria ficar com as pessoas, porque são elas que me inspiram”.

Ainda que não se concentre no aspecto político de Violeta, que foi do Partido Comunista, o filme traz interessantes passagens. Como na espirituosa entrevista à TV argentina na qual, ao ser questionada se “era verdade que era comunista”, respondeu: “Sou tão comunista que, se você me der um tiro, derramarei sangue vermelho”. Em outro momento, ao ser convidada para se apresentar em um requintado jantar em Santiago, Violeta abandona o local insultando os presentes, ao ser tratada com desprezo.

Do início ao fim, o tom trágico permeia a vida de Violeta Parra, que escolheu cantar e viver entre e para os pobres, fazendo parte de uma lavra de artistas que, tal como Victor Jara, escolheu um lado.

Vivendo intensamente e com paixão, até o suicídio em 1967 aos 50 anos, deixou uma obra que transcende seu tempo, ainda que por aqui seja mais conhecida pelas canções “Volver a los 17” e “Gracias a La Vida”, ambos na voz de Mercedes Sosa.

Mesmo com importantes lacunas, “Violeta foi para o Céu” veio em boa hora, mostrando a atualidade de uma artista que o mundo conheceu em sua época e que precisa agora reconhecer.

LEIA MAIS
Victor Jara, vida e morte de um cantor revolucionário

Fonte: Site do PSTU, faça uma visita clicando aqui

sábado, 2 de junho de 2012

VIVA A PALESTINA LIVRE! Ska-p banda punk da Espanha, denuncia genocídio contra os Palestinos!

Intifada

6 milhões de judeus aniquilados da forma mais cruel

Um genocídio imperialista por exércitos fascistas, da história tem que aprender.

As vítimas se converteram nos algozes se voltando às avessas,

Colonizando territórios Palestinos, de novo atentando a sensatez.

 

Mortos, mortos!!! Em nome de quem?

Mortos, mortos!!! De Israel

Mortos, mortos!!! Em nome de quem?

Mortos, mortos!!! De Jeová

 

O que você faria se te tirassem de sua casa sem direito a falar

Pisoteando sua cultura, submergido na loucura por perder a dignidade.

Palestina está sofrendo no exílio da opulência de Israel

Por um governo prepotente, preparado para guerra, você já sabe por quem.

 

Mortos, mortos!!! Em nome de quem?

Mortos, mortos!!! De Israel

Mortos, mortos!!! Em nome de quem?

Mortos, mortos!!! De Jeová

 

Pedras contra balas uma nova intifada na Cisjordânia, em Gaza ou em Jerusalém.

 

Ohh, quem poderia imaginar oh...

Que Davi era Golias

 

Ohh Intifada, Intifada

Ohh Intifada, libertação!

 

Não confuda minha postura, sou ateu e não creio em nenhum deus

Não diferencio as pessoas por sua raça, sua cultura ou sua merda da religião!

Só condeno o sofrimento, a injustiça e o abuso de poder

A Palestina é submetida a mais persistente das geurras, a opulência de Israel.

 

Mortos, mortos!!! Em nome de quem?

Mortos, mortos!!! De Israel

Mortos, mortos!!! Em nome de quem?

Mortos, mortos!!! De Jeová

 

Pedras contra balas uma nova intifada na Cisjordânia, em Gaza ou em Jerusalém

Ohh, quem poderia imaginar oh...

Que Davi era Golias

Ohh Intifada, Intifada

Ohh Intifada, libertação!

quinta-feira, 31 de maio de 2012

OMISSÃO (Ferreira Gullar)

I

Não é estranho
que um poeta político
dê as costas a tudo e se fixe
em três ou quatro frutas que apodrecem
num prato
em cima da geladeira
numa cozinha da Rua Duvivier?

E isso quando vinte famílias
são expulsas de casa na Tijuca,
os estaleiros entram em greve em Niterói
e no Atlântico Sul começa
a guerra das Malvinas.

Não é estranho?
por que então
mergulho nessa minicatástrofe
doméstica
de frutas que morrem
e que nem minhas parentas são?
por que
me abismo
no sinistro clarão dessas formas
outrora coloridas
e que nos abandonam agora inapelavelmente
deixando a nossa cidade
com suas praias e cinemas
deixando a casa
onde frequentemente toca o telefone?
para virar lama.

II

É compreensível que tua pele se ligue à pele dessas frutas que apodrecem
pois ali
há uma intensificação do espaço, das forças
que trabalham dentro da polpa
(enferrujando na casca
a cor
em nódoas negras)
e ligam
uma tarde a outra tarde e a outra ainda
onde
bananas apodreceram
subvertendo a ordem da história humana, tardes
de hoje e de ontem
que são outras cada uma em mim
e a mesma talvez
no processo noturno da morte nas frutas
e que te ligam a ti através das décadas
como um trem que rompe a noite
furiosamente dentro
e em parte alguma
- é compreensível
que dês as costas à guerra das Malvinas
à luta de classes
e te precipites nesse abismo
de mel
que o clarão do açúcar nos cega
e diverte ser espectador da morte, que é também a nossa,
e que nso atrai com sua boca de lama sua vagina
de nada
por onde escorregamos docemente no sono
e é bom morrer
no teatro
vendo morrer
pêras ardendo
na sua própria fúria
e urinando
e afundando em si mesmas
a converter-se em mijo, a pêra, a banana ou o que seja
e assistes
à hecatombe
no prato
sob uma nuvem de mosquitos
e não ouves o clamor da vida
aqui fora
na rua na fábrica na favela do Borel
não ouves
o tiro que matou Palito
e não ouves, poeta,
o alarido da multidão que pede emprego
(são dois milhões sem trabalho
há meses
sem ter como dar de comer à família
e cuja história
é assunto arredio ao poema).

É a morte que te chama?
É tua própria história
reduzida ao inventário de escombros
no avesso do dia
e não mais esperança
de uma vida melhor?
que se passa, poeta?
adiaste o futuro?

segunda-feira, 14 de maio de 2012

FODAM-SE VOCÊS, FODA-SE SUAS LEIS. SOBRE A ABUSIVA PRISÃO DORAPPER EMICIDA EM MINAS GERAIS

O rapper Emicida foi detido na noite deste domingo (13) após terminar seu show no festival Palco Hip Hop, em Belo Horizonte (MG), acusado de desacato à autoridade.


O motivo foi o seguinte comentário do músico, feito antes de dar início à música “Dedo na Ferida”, a primeira de seu show. “Antes de mais nada, somos todos Eliana Silva, certo? Levanta o seu dedo do meio para a polícia que desocupa as famílias mais humildes, levanta o seu dedo do meio para os políticos que não respeitam a população e vem com ‘noiz’ nessa aqui, ó. Mandando todos eles se fuder, certo, BH? A rua é noiz.” O momento foi registrado em vídeo.

Policiais militares que prestavam serviço no evento consideraram o comentário ofensivo a eles, esperaram que Emicida terminasse seu show e deram voz de prisão ao músico, que foi levado ao 39 DP (Barreiro) pouco depois das 19h30 e liberado por volta das 22h35.

Foto: Divulgação FDE

Na versão que foi registrada no Boletim de Ocorrência, policiais afirmam que Emicida teria dito uma frase diferente da que o vídeo e o áudio em anexo comprovam. Por isso, o músico não assinou o documento. A alegação dos policiais é a de que ele teria dito a seguinte frase: "Eu apóio a invasão do terreno Eliana Silva, região do Barreiro, tem que invadir mesmo, levantem o dedo do meio para cima, direcione aos policiais, pois todos esses tem que se fuder".
Em nenhum momento o rapper se dirigiu diretamente aos policiais militares que trabalhavam no evento ou pediu que o público fizesse algum gesto obsceno a eles. O show ocorreu sem nenhuma confusão.

Foto: Divulgação FDE

Emicida agradece às manifestações de apoio e carinho dos fãs. Na noite deste domingo, a notícia de sua detenção chegou a ser o assunto mais comentado do Twitter no Brasil e ficou entre os TTs mundiais também.
clique no link abaixo o áudio da frase dita pelo rapper e mais abaixo a reprodução do texto do documento.

http://soundcloud.com/emicidacachoeira/emicida-dedo-na-ferida-ao-vivo


“Senhor Delegado,
Nesta data, ocorreu um evento na Av. Afonso Vaz de Melo, próximo a PUC de Barreiro, conforme ordem de serviço nº 306812/41º BPM, acordado entre o comando e organização do evento, denominado “Palco Hip Hop”,  onde vários artistas gênero se apresentaram, dentre os quais destacamos a participação do presente conduzido de codinome “Emicida”, este na abertura do seu show, proferiu os seguintes dizeres: “eu apoio a invasão do terreno “Eliana Silva”, região do Barreiro, tem que invadir mesmo, levantem o dedo do meio para cima, direcione aos policiais, pois todos esses tem que se fuder. Vale a pena lembrar que o público presente estava em grande quantidade e tais declarações objetivavam insuflar o público contra os policiais militares que estavam de serviço no evento, que colocou em risco a integridade física dos policiais militares e dos envolvidos no evento. Diante do exposto, esperamos que o cantor Emicida terminasse o seu show, oportunidade em que foi dado voz de prisão ao autor pelo crime de desacato, sendo garantido seus direitos constitucionais. Conduzimos o referido a delegacia regional de Barreiro para as providências que couber o fato. Ressalto que a testemunha Evandro Roque de Oliveira irmão do autor e o senhor Elcio Pacheco o advogado do conduzido. “

fonte: Assessoria de imprensa - imprensa@emicida.com

sábado, 21 de abril de 2012

Daniela Mercury, boicote o Estado de Israel!

 

A Frente em Defesa do Povo Palestino, da qual o PSTU - partido do qual sou militante - faz parte, divulgou um vídeo na internet em que pede à cantora bahiana Daniela Mercury que se recuse a fazer um show em Israel, no próximo mês de maio.

Diversos artistas de renome internacional já estão fazendo o boicote, que é uma clara posição de enfrentamento contra as atrocidades cometidas pelo estado sionista, representante do imperalismo na região do Oriente Médio.

Segue abaixo a carta aberta enderaçada à cantora e o vídeo divulgado na internet.


Abril de 2012
Cara Daniela Mercury,

Amigos palestinos, admiradores de sua música, nos escreveram assim que souberam que você pretende fazer um show em Israel, em maio próximo.

Como parte do chamado feito pela sociedade civil palestina em 2005 para o Boicote, o Desinvestimento e Sanções (BDS), e inspirado pelo boicote cultural ao apartheid na África do Sul, o povo palestino pede a artistas internacionais que se juntem ao movimento BDS cancelando shows e eventos em Israel, que só servem para igualar o ocupante ao ocupado e, portanto, promover a continuação da injustiça.

Em outubro de 2010, o sul-africano Desmond Tutu, consagrado com o Prêmio Nobel da Paz por sua luta contra o apartheid, apelou à ópera de seu país cancelar a apresentação agendada em Israel. Um show em território israelense enfraquece a chamada para o BDS até que Israel cumpra os requisitos básicos do direito internacional, pondo fim à ocupação militar, à tomada de terras e à construção de novas colônias nos territórios palestinos. Na mesma linha, respeite os direitos humanos, à autodeterminação do povo palestino e ao retorno a suas terras e propriedades.

A participação em um show em Israel não é um ato neutro, desprovido de qualquer mensagem política. Ao participar de um evento em Israel, você estará apoiando a campanha israelense para encobrir violações do direito internacional e projetar uma imagem falsa de normalidade. Qualquer afirmação em contrário que um artista deseje fazer por meio de sua participação nesse evento será ofuscada pelo fato de que está atravessando um piquete internacional, estabelecido pela grande maioria das organizações da sociedade civil na Palestina.

Na verdade, uma mensagem de paz justa atingirá muito mais pessoas, incluindo israelenses, se você cancelar a sua participação.

Desde a ofensiva de Israel a Gaza em dezembro de 2008 e janeiro de 2009, que deixou 1.400 palestinos mortos e conduziu à elaboração do relatório Goldstone, o qual não deixa dúvidas que Israel cometeu crimes de guerra, muitos artistas internacionais se recusaram a tocar em um país que se coloca acima dos direitos humanos e do direito internacional. Após o ataque de Israel a um navio de ajuda humanitária com destino a Gaza em maio de 2010, o número de artistas cresceu. Elvis Costello, Gil Scott Heron, Carlos Santana, Devendra Banhart e os Pixies são apenas alguns dos que se recusaram a realizar shows em Israel naquele ano. Roger Waters é outro exemplo de pessoa pública que assume posição contrária às violações dos direitos humanos por Israel. No período em que realizou t u rnê no Brasil, entre final de março último e início deste mês, fez declarações à imprensa nesse sentido e em apoio à campanha por BDS.

Pedimos-lhe para se juntar à lista crescente de artistas que têm respeitado o pedido de boicote. Como disse o sul-africano Desmond Tutu, "se o apartheid na África do Sul terminou, essa ocupação também terminará, mas a força moral e a pressão internacional terão de ser tão determinadas quanto". Por justiça, o chamado palestino para o BDS deve alcançar o mundo, incluindo Israel. Ficaremos felizes em discutir isso mais a fundo com você e apoiá-la no quer for necessário.

Nós estamos simplesmente pedindo que você cancele seu show em Israel, de modo a não prejudicar o aumento global do movimento por boicotes ao apartheid a que está submetido o povo palestino.

Aproveitamos para convidá-la a participar dessa nobre luta por uma causa da humanidade.

Com grande respeito,

Frente em Defesa do Povo Palestino
União Democrática das Entidades Palestinas no Brasil
Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino
Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino do Rio de Janeiro
Centro Cultural Árabe-Palestino Brasileiro de Mato Grosso do Sul
Sociedade Árabe-Palestina de Corumbá
Comitê Árabe-Palestino do Brasil
Sociedade Palestina de Santa Maria
Centro Cultural Árabe-Palestino Brasileiro do Rio Grande do Sul
Sociedade Palestina de Brasília
Sociedade Palestina de Chuí
Sociedade Islâmica de Foz do Iguaçu
Sociedade Islâmica do Paraguai
Associação Islâmica de São Paulo
Coletivo de Mulheres Ana Montenegro
Movimento Mulheres em Luta
Marcha Mundial das Mulheres
PCB – Partido Comunista Brasileiro
PSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado
MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
MTST – Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e da Resistência Urbana – Frente Nacional de Movimentos
CUT – Central Única dos Trabalhadores
CSP-Conlutas – Central Sindical e Popular-Coordenação Nacional de Lutas
Mopat – Movimento Palestina para Tod@s
Ciranda Internacional da Comunicação Compartilhada
Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre
Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos
Coletivo de Juventude dos Metalúrgicos do ABC
Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre
SindiCaixa-RS
Grupo M19
SOS Racismo, Portugal
Comitê de Solidariedade com a Palestina, Portugal
GAP - Grupo Acção Palestina, Porto, Portugal
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quarta-feira, 4 de abril de 2012

Millôr Fernandes: o adeus que deixou o Brasil mais triste e menos inteligente

Morto aos 88 anos, Millôr Fernandes deixa uma imensa herança jornalística e literária, além de um vazio maior ainda no humor brasileiro


por, JOÃO PAULO DA SILVA
de Natal (RN), também escreve o blog ascronicasdojoao.blogspot.com

 

Jornalista, desenhista, cartunista, humorista, dramaturgo, escritor, fabulista, frasista e tradutor brasileiro. Millôr Fernandes era um homem múltiplo e resumi-lo é impossível e injusto. Seu gênio primoroso era daqueles que não possuem precedentes na história, sobretudo na história da imprensa e da literatura brasileiras. Na vida, fez de tudo um muito e sempre alcançou sucesso de crítica e público em todas as áreas em que se meteu. Até mesmo nas atividades mais improváveis. A invenção do frescobol, por exemplo, foi ideia dele e de um grupo de amigos. Em mais de 70 anos de carreira, Millôr usou sua inteligência corrosiva e seu humor fulminante para escrever, “sem borracha”, o próprio nome entre os maiores intelectuais do Brasil. Infelizmente, no último dia 27, os órgãos do mestre de 88 anos resolveram abrir falência, um ano depois de ele ter sofrido um acidente vascular cerebral isquêmico. Millôr Fernandes chegou ao fim do espetáculo, mas jamais sairá de cena e nunca terá as cortinas de seu trabalho fechadas.

A vida é injusta
Milton Viola Fernandes nasceu no dia 16 de agosto de 1923, no bairro do Méier, no Rio de Janeiro. Na verdade, há duas confusões aqui. Oficialmente, a data de nascimento é 27 de maio de 1924, ano em que ele foi registrado, e o nome era para ser Milton, como os pais Francisco Fernandes e Maria Viola Fernandes queriam. Entretanto, uma escrita à mão mal feita transformou o “t” em “l” e o “n” em “r”. A trapalhada acabou deixando Millôr no registro do cartório, o que ele só descobriu aos 17 anos. Mas foi melhor assim. O acidente de caligrafia lhe rendeu logo um bom nome artístico.

Ainda muito cedo, Millôr conheceu a dureza e as injustiças da vida. Aos dois anos, em 1925, ele perdeu o pai e a mãe precisou trabalhar como costureira para sustentar os filhos. Nove anos depois, veio a morte da mãe e Millôr foi morar com um tio materno. Motivado pela tragédia da orfandade, concluiu que Deus não existia. “Tive a sensação da injustiça da vida e concluí que Deus em absoluto não existia”, escreveu ele sobre a infância. A partir de então, as injustiças da vida, sobretudo as sociais, serviram para fortalecer seu ateísmo e lhe dar o que ele mesmo chamou de “a paz da descrença”. “Você nunca viu 10 mil incrédulos invadirem o país de outros 10 mil incrédulos para impor sua descrença.”, dizia ele com seu humor ácido.

Millôr estava coberto de razão em suas convicções. A existência de Deus é realmente improvável e sua brasilidade ainda mais. Em uma semana, o Brasil perdeu dois gênios, o humorista Chico Anysio e o próprio mestre Millôr Fernandes. Enquanto isso, o senador José Sarney (para citar apenas um exemplo), também na casa dos 80 anos, não pega nem mesmo um resfriado.

Uma mente inquieta e irônica na imprensa
Millôr começou na imprensa ainda muito jovem, aos 14 anos. E não demorou muito para que seu talento para a sátira fosse reconhecido. Aos 19, foi contratado pela revista O Cruzeiro e na mesma época ganhou um concurso de crônicas da revista A Cigarra, onde passou a trabalhar. Um dia um anunciante deixou de enviar quatro páginas de publicidade para a revista e o jovem Millôr foi o encarregado de preenchê-las. Nascia a coluna “Poste Escrito”, assinada sob o pseudônimo Vão Gogo. Foi um sucesso imediato. As vendas subiram de 11 mil exemplares para 750 mil. Daí em diante, ele não parou mais. Assumiu a direção de duas publicações, A Cigarra e O Guri, e se tornou colunista no Diário da Noite.

De volta à redação de O Cruzeiro, em 1941, passa a assinar a coluna “Pif-Paf”, que mais tarde, em 1964, se transformaria numa revista quinzenal, marcando o início da imprensa alternativa no Brasil, mesmo com apenas 8 edições. Millôr só sairia de O Cruzeiro em 1963, depois de uma encrenca boba da Igreja Católica com A Verdadeira História do Paraíso dele. A revista não segurou a irreverência do autor e a igreja não gostou de ver o criador repreendido nos versos “Essa pressa leviana / demonstra o incompetente / fazer o mundo em sete dias / com a eternidade pela frente.”. Depois disso, Millôr passou marcar seu nome em muitos outros veículos da imprensa, entre eles os jornais O Estado de S. Paulo e O Globo, além da revista Veja.

Entretanto, sua mais impactante realização na imprensa brasileira se deu em 1969, com a fundação do jornal O Pasquim, uma publicação escrachada e declaradamente contra a Ditadura Militar. Como praticamente toda a carreira profissional de Millôr foi cercada pela censura, seu artigo de estréia em O Pasquim não poderia ter outro tom que não fosse o pessimismo cômico. “Se este jornal for independente, não dura três meses. Se durar três meses, não é independente”, dizia um trecho. Durou bem mais de três meses, mas era o jeito Millôr Fernandes de dizer que a coisa estava feia.

O humor inteligente e subversivo
É comum as pessoas acharem que o humor é um gênero menor e fácil de fazer. Mas não é. Millôr Fernandes mostrou ao longo de sua vida que o bom humor é aquele que nos faz pensar achando graça.

É aquele que subverte a ordem, que satiriza a vida e seus problemas. É claro que isso não precisa ser uma regra, mas humor também não tem nada a ver com as piadas de mau gosto de alguns ditos “humoristas”, que apenas reforçam preconceitos em nome da liberdade de expressão. Recentemente, numa entrevista à revista Playboy, o cronista Luis Fernando Veríssimo afirmou que o único limite do humor está no bom senso. E o que não faltava ao sarcasmo e à inteligência perspicaz de Millôr era o bom senso.Crítico, principalmente. Para ele, o humor era “a quintessência da seriedade”.

Millôr Fernandes não deixou apenas um vasto trabalho na imprensa, o que por si só já o consagraria. Na literatura e no teatro, o autor também deu muitas demonstrações de seu talento como escritor e dramaturgo. Millôr era como o ex-jogador de futebol Romário, dentro da pequena área. Precisava apenas de uma brechinha para fazer um estrago. É difícil escolher uma obra, mesmo porque o próprio Millôr dizia que obra era “coisa de pedreiro”. Mas é possível destacar as melhores produções, a exemplo de Lições de um Ignorante, Um Elefante no Caos, Liberdade, Liberdade, Todo Homem é Minha Caça, Hai-Kais, Millôr Definitivo: A Bíblia do Caos e Crítica da Razão Impura ou O Primado da Ignorância. Este último, inclusive, tendo como alvos os ex-presidentes José Sarney e Fernando Henrique Cardoso.

Do deboche de Millôr Fernandes, ninguém escapava. Nem ele mesmo. Ironizando o próprio ofício de fazer humor, ele dizia que “o homem é o único animal que ri, e é rindo que ele mostra o animal que é.”. Parte de sua grande capacidade intelectual, que ele julgava ter sido influenciada principalmente pelas histórias em quadrinhos, consistia em satirizar as pessoas, os costumes, as ações humanas, a política, as ideologias. Millôr apontava sua língua e traço ferinos para aquilo que valia a pena e precisava ser subvertido. “Repito um velho conselho, cada vez mais válido, sobretudo para o Congresso: Quando alguém gritar ‘Pega ladrão’, finge que não é com você.”, diz outra de suas frases corrosivas.

Mesmo sendo um clichê, não se pode deixar de dizer que Millôr Fernandes era um gênio. Mas até mesmo os gênios dizem grandes bobagens e reproduzem, em certa medida, as contradições da sociedade que os criou. Lamentavelmente, o machismo também esteve presente na produção do Millôr, algo até recorrente na geração de artistas da qual ele fez parte. É claro que isso não ofusca o trabalho do Millôr, mas negá-lo ou escondê-lo seria um grave erro, além de uma injustiça e um acobertamento da opressão. O machismo é uma mazela da sociedade dividida em classes, e não deve ser perdoado de forma alguma. Mesmo vindo de uma grande cabeça, como era a do Millôr e de tantos outros.

Contudo, com a morte de Millôr Fernandes, as artes brasileiras não perdem apenas um homem, perdem um conjunto inteiro de artistas, cada um mais singular do que o outro. “Todo homem nasce original e morre plágio.”, dizia ele. Acabou contrariando a si mesmo. Hoje, sem o Millôr, o Brasil é um país mais triste e menos inteligente.

Frases
“Fiquem tranquilos os poderosos que têm medo de nós: nenhum humorista atira pra matar.”
“O cadáver é que é o produto final. Nós somos apenas a matéria prima.”
“O homem é o único animal que ri. E é rindo que ele mostra o animal que é.”
“Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados.”
“Como são admiráveis as pessoas que não conhecemos muito bem.”
“O otimista não sabe o que o espera.”
“Eu também não sou um homem livre. Mas muito poucos estiveram tão perto.”
“Nunca ninguém perdeu dinheiro apostando na desonestidade.”
“Brasil, condenado à esperança.”
“Brasil; um filme pornô com trilha de Bossa Nova.”
“Todo homem nasce original e morre plágio.”
“O dedo do destino não deixa impressão digital.”
“Sabemos que VOCÊ, aí de cima, não tem mais como evitar o nascimento e a morte. Mas não pode, pelo menos, melhorar um pouco o intervalo?”
"Repito um velho conselho, cada vez mais válido, sobretudo pro Congresso: Quando alguém gritar “- Pega ladrão”, finge que não é com você"
"Quando os eruditos descobriram a língua, ela já estava completamente pronta pelo povo. Os eruditos tiveram apenas que proibir o povo de falar errado".
"A infância não, a infância dura pouco. A juventude não, a juventude é passageira. A velhice sim. Quando um cara fica velho é pro resto da vida. E cada dia fica mais velho."
"Não devemos odiar com fins lucrativos. O ódio perde a sua pureza".
"Um Homem só é completo quando tem família; mulher e filhos. Desculpe: completo ou acabado?"
"Deus é realmente um ser superior. Não há nada nem parecido no Governo Federal".
"Prudência: E devemos sempre deixar bem claro que nenhum de nós, brasileiros, é contra o roubo. Somos apenas contra ser roubados".
"Feliz é o que você percebe que era, muito tempo depois".
"Aprenda de uma vez: Se você acordou de manhã é evidente que não morreu durante a noite. A felicidade começa com a constatação do óbvio".
"Nem só comer e coçar é questão de começar. Viver também".
"Os ateus têm um Deus em que nem eles acreditam".
"O melhor do sexo antes do casamento é que depois você não precisa se casar".
"Tudo na vida tem uma utilidade - se não fosse o mau cheiro quem inventaria o perfume?"
"Voto de pobreza, obviamente só pode ser feito por rico".
"Errar é humano. Botar a culpa nos outros também".
"O problema de ficar na fossa é que lá só tem chato".
Atualizado às 20h40 do dia 31 de março

fonte: Site do PSTU, clique aqui e faça uma visita

segunda-feira, 12 de março de 2012

MC EMICIDA LANÇA NOVO RAP “Dedicado às vítimas do [favela do] Moinho, Pinheirinho, Cracolândia, Rio dos Macacos, Alcântara e todas as quebradas devastadas pela ganância”

 

Ainda que surpreenda algumas pessoas, sou fã de rap, principalmente do rap engajado, que traz em sua letras a realidade nua e crua da luta de classes e das mazelas sociais do sistema capitalista.

Foi assim que, faz algum tempo, descobri o rapper Emicida, um artista das ruas que a cada dia tem mostrado mais engajamento social.

Só para se ter uma idéia seu novo som “Dedo na Ferida”, é ilustrado por um clique que tem na “chacina” de Pinheirinho, seu principal cenário.

Abaixo trago duas matérias, uma extraída do site Terra, da jornalista Lorena Calabria, publicada originalmente em http://goo.gl/bK9x6 e outra, extraída do Blog do próprio rapper, que pode ser acessada em http://goo.gl/hNZUP.

É claro, logo abaixo dois atalhos. Um para assistir o clique e outro para fazer um do download em MP3 dela.

Abraços,

Adriano Espíndola

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CLIQUE AQUI E ASSISTA O VÍDEO

FAÇA UM DOWNLOAD EM MP3, CLICANDO AQUI

"Dedo na Ferida"

Agradecimentos especiais:
Herbert do Sindicato dos metalurgicos de SJC pelas imagens internas do pinheirinho.
Dedicado a todos os focos de resistência popular que dia após dia, sofrem perante a ganância de corporações e empresários.

Letra:
scratchs ( pimenta nos zóio dos politicos )
Foda-se vocês, foda-se suas leis!
scratchs ( a fúria negra ressuscita outra vez )
Foda-se vocês, foda-se suas leis!
scratchs ( anota meu recado)
Foda-se vocês, foda-se suas leis!
scratchs ( primeiro eu quero que se foda )
Renan Samam, Emicida, o rap ainda é o dedo na ferida...

Vi condomínios rasgarem mananciais
a mando de quem fala de Deus e age como Satanás.
(Uma lei) quem pode menos, chora mais,
corre do gás, luta, morre, enquanto o sangue escorre –
é nosso sangue nobre, que a pele cobre,
tamo no corre, dias melhores, sem lobby.
Hei, pequenina, não chore.
TV cancerigena,
aplaude prédio em cemitério indígena.
Auschwitz ou gueto? Índio ou preto?
Mesmo jeito, extermínio,
reportagem de um tempo mau, tipo Plínio.
Alphaville foi ilusão, incrimine-os
Grito como fuzis, Uzis, por brasis
que vem de baixo, igual Machado de Assis.
Ainda vivemos como nossos pais Elis
quanto vale uma vida humana, me diz?

Foda-se vocês, foda-se suas leis!
scratchs ( a furia negra ressuscita outra vez )
Foda-se vocês, foda-se suas leis!
scratchs ( anota meu recado)
Foda-se vocês, foda-se suas leis!
scratchs ( primeiro eu quero que se foda )
Renan Samam, Emicida, o rap ainda é o dedo na ferida...

É só um pensamento, bote no orçamento
nosso sofrimento, mortes e lamentos,
forte esquecimento de gente em nosso tempo
visto como lixo, soterrado nos desabamento
em favela, disse Marighella. Elo
contra porcos em castelo
o povo tem que cobrar com os parabelo
porque a justiça deles, só vai em cima de quem usa chinelo
e é vítima, agressão de farda é legítima.
Barracos no chão, enquanto chove.
Meus heróis também morreram de overdose,
de violência, sob coturnos de quem dita decência.
Homens de farda são maus, era do caos,
frios como halls, engatilha e plau!
Carniceiros ganham prêmios,
na terra onde bebês, respiram gás lacrimogênio.

Foda-se vocês, foda-se suas leis!
scratchs (a fúria negra ressuscita outra vez)
foda-se vocês, foda-se suas leis!
scratchs (anota meu recado)
Foda-se vocês, foda-se suas leis!
scratchs (primeiro eu quero que se foda)
Renan Samam, Emicida, o rap ainda é o dedo na ferida.

 

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O PICASSO DO RAP NACIONAL

por Lorena Calabria

Emicida é o Picasso do rap. Aaaaaah? Exagero? Sim, mas a comparação é pertinente. Presta atenção:

"Guernica", a obra mais famosa do Picasso, de 1937, é o retrato cubista das atrocidades fascistas da Guerra Civil espanhola.

Emicida pinta o seu “Guernica”, transformando a indignação em música inspirada por fatos recentes como a truculenta desocupação de Pinheirinho e a “limpeza” da cracolândia, entre outros. O alvo é a violência do Estado. E a cobertura da mídia.

“Dedo na ferida”, o novo single/vídeo, é mais que um tapa na cara. É uma bordoada. Uma voadora. Um golpe certeiro que leva a nocaute.

E assim como “Guernica”, também em preto e branco.

Para quem sentia falta do rap engajado ou da música de protesto no cancioneiro popular, taí a resposta.

“Dedo na Ferida” impressiona pelo caráter urgente. Capta o sentimento de milhares de pessoas que inundaram as redes sociais protestando.

É urgente também no formato. As imagens que acompanham “Dedo na ferida” são tão impactantes quanto seu recado. Em preto e branco, o vídeo, dirigido por Nicolas Prado, ganha ares épicos, uma espécie de Apocalypse Now.

Imagens dos conflitos retiradas da internet, outras cedidas pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Jose dos Campos (que acompanhou de dentro a desocupação do Pinheirinho), completadas por registros feitos por Emicida e DJ Nyack no bairro paulista do Cachoeira.

É, você não viu isso nos telejornais.

Emicida já havia cantado a bola: a Revolução é silenciosa.  E, como prenunciou Gil Scott-Heron, não será televisionada.

A seguir, a entrevista que fiz com o rapper, assim que ele saiu da aula de canto e piano. Você ficou surpreso? Eu não.

Você sempre falou de injustiça social e abuso de poder, mas nunca de forma tão direcionada, certeira. Me diga, o que te levou a isso?

EMICIDA – Na verdade, acho que passeio sempre por uma leveza poética e alguns socos no estômago. “Dedo na Ferida” foi mais soco no estômago do que leveza poética. Os temas sociais sempre estiveram presentes na minha música, mas eu busco uma forma mais rica de retratar isso – aliás, algo que não mudei em “Dedo na Ferida”. Mantenho a linha, só refleti mais sobre um mesmo tema, um exercício que tenho praticado muito nas novas rimas. Eu acompanho desde algum tempo notícias sobre a questão da reforma agrária no Brasil, que se faz necessária, assim como uma reforma urbana. Viajei para Porto de Galinhas no final do ano e vi que muito da orla da região está se tornando um conglomerado de hotéis de luxo, diferente de quando fui lá a primeira vez em 2001. Com as obras da Copa, tudo está se tornando um grande canteiro e as próximas gerações não terão mais aquela vista quando ali passarem. Isto tem martelado muito na minha cabeça, assim como a questão de Rio dos Macacos, que tomei conhecimento no final do ano passado ao conversar com amigos do MST sobre a situação dos quilombolas. O incêndio no Moinho ocorreu, a invasão do Pinheirinho e o uso da polícia na cracolândia para tratar de um problema de saúde pública… Foram pontos que involuntariamente viraram um rap.

Quando exatamente e onde compôs “Dedo na Ferida”? Os beats já existiam ou vieram depois?

EMICIDA – O Renan Samam passou aqui há alguns dias e deixou umas batidas para eu escutar. Quando notei, já estava escrevendo. Gravei uma guia e mandei pra ele, ele pirou e então eu falei com meu amigos do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, em especial com o Herbert, que me enviou as imagens. Já havia demonstrado que estas questões eram importantes e deveriam receber mais atenção. Mas posts nas redes sociais ganham retuites e respostas, mas não impactam como uma música. Então, decidi ligar a música ao tema por completo e colocar o dedo na ferida. DJ Nyack complementou com os scratchs. Fui com uma ideia simples e ele acabou desenvolvendo outra mil vezes melhor. O resultado é este do vídeo.

Na letra, alem da violência do Estado, você critica a cobertura da mídia. Onde você busca informação?

EMICIDA – A violência do Estado é um ponto; a indiferença por conveniência dos grandes veículos é outro. São dois pontos que eu gosto de abordar porque é impressionante ver a Tropa de Choque invadir um local onde famílias residem para fazer uma desapropriação, não encontrar resistência e disparar gás lacrimogêneo nessas famílias, agredir moradores, e no dia seguinte sai na capa dos jornais: "Confronto entre policia e moradores". Ah, tá me tirando! Aquilo foi um massacre. Isso tá errado, omissão pura. Eu busco formas de me informar. Vejo alguns dos jornais grandes também, mas estes não me trazem novidades em suas abordagens. É sempre parcial e em defesa de um mesmo lado, que nunca é o do povo. Sabe como você faz para o racismo continuar existindo? Você não fala dele. E é assim com as movimentações populares também. Você as ignora e, quando fala, fala num tom de "eles estão errados" ou "eles são a exceção". Não se entra na questão verdadeira que é: temos por direito garantido na constituição a dignidade da pessoa humana. Uma casa própria não pode ser um sonho, deve ser o básico. Agora, me explica por que a lei se faz presente quando se deve cobrar um erro de pessoas sem amparo e não se faz presente quando deveria oferecer a estrutura para que este tipo de coisa seja evitada, sem chegar neste ponto?

Conheceu os lugares citados na letra? Teve contato com pessoas que viveram na pele todo o drama?

EMICIDA – Eu conheci a favela do Moinho há um ano, em um evento chamado “A vida é um moinho”, onde fomos convidados para nos apresentar, por que a prefeitura havia cortado o fornecimento de água. Quando vi o incêndio na comunidade foi muito triste e me soou como mais um capítulo de uma história cruel. Houve um evento em que nos convidaram pra tocar novamente, mas não tínhamos a data, pois estaríamos em Salvador. Coincidentemente, o dia deste evento foi o dia em que às 5 da manhã invadiram o Pinheirinho. Quando meu celular tocou com o prefixo 012 (DDD da região de São José dos Campos), já imaginei a merda acontecendo. A polícia tinha invadido de surpresa a quebrada. Então, como eu estava longe acompanhei a repercussão pela internet. Eu podia fazer pouco e uma vez que ao retornar a invasão da polícia e o esvaziamento do bairro já haviam sido concluídos. Pensei que o primeiro passo era dar alguma espécie de amparo às famílias que estão em condições sub-humanas nos abrigos, amontoados, precisando de mantimentos. Fiz a música, pois música é o que sei fazer e disponibilizei no vídeo o endereço para que enviem mantimentos para estas famílias.

Lançar o clipe e a música juntos foi pensado ou calhou? Sentiu que a música ganharia ainda mais força com as imagens da real situação?

EMICIDA – Já queríamos fazer isto com outro single, mas o tempo de produção da música com a do vídeo não sincronizou e deu errado. Acho uma estratégia muito boa, impactante, principalmente quando se tem uma mensagem tão forte. As imagens ali falariam por si só. Hoje em dia, todos acessam um youtube, então pensar no vídeo como parte da estratégia de lançamento é um ponto muito importante – fora o fato de que realmente isso amplifica o alcance. Ao receber as imagens, já liguei para o Nicolas Prado, que havia acabado de ser contratado pelo Laboratório Fantasma (produtora do artista) para cuidar dos vídeos e passei algumas ideias. Captamos o resto no Cachoeira e casamos as duas estéticas. No final, conseguimos produzir um vídeo que expressa o que o som pede.

Além desse lançamento e do pedido para donativos, você planeja mais alguma ação?

EMICIDA – Estou conversando com algumas pessoas, planejando coisas. Mas não quero aparecer por estar fazendo algum tipo de trabalho social. Então, dificilmente isso será divulgado. O máximo que fiz e que reverberou foi a música – e nisso não tinha como eu não aparecer. Era estratégico usar minha relevância hoje em prol do tema. Agora quero que as ações corram pelas ruas, sem querer trazer pra mim essa imagem de bom samaritano. Sou músico, quero que as pessoas me respeitem e admirem pela minha música. O resto é um "algo a mais" que é mais vinculado a minha pessoa do que ao artista Emicida.

Uma pergunta, digamos, “intima e pessoal” (risos). O que sua mãe achou o resultado? Curtiu a citação a Elis?

EMICIDA – Não falei com minha mãe ainda sobre isso, nem sei se ela já ouviu. Provavelmente já. Espero que ela curta (risos).

***

PRÓXIMOS PASSOS DE EMICIDA

Música na trilha sonora de vídeo game é apenas uma das novidades de Emicida para o futuro próximo. Segundo seu produtor Evandro Fióti, o rapper está focado no planejamento do novo disco: “o primeiro oficial,uma vez que até aqui só lançamos singles,mixtapes e Eps, formatos não tão comuns no mercado nacional”.

Enquanto isso, Emicida segue com invejável agenda de shows pelo Brasil. E nesta segunda-feira (12), realiza o sonhode cantar suas músicas ao lado de uma orquestra (a Allegro), em apresentação só para convidados na Sala São Paulo.

Ele também se prepara para levar suas rimas ao exterior. No fim do mês, dia 25 de março, se apresenta pela primeira vez em Buenos Aires, dividindo a noite com Criolo no Niceto Club. Algumas datas pela Europa estão em negociação.

A camiseta Hip Hop Salvou Minha Vida, que vemos no clipe de “Dedo na Ferida”, logo vai estar à venda nos shows e no site do rapaz.

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LEIA TAMBÉM:

Emicida lança Web clipe e música nova

“Como Um Tapa Na Cara”

Emicida lança “Dedonaferida”, single + clipe, que reflete sobre as tragédias cotidianas da atualidade e manda recado singelo aos donos do poder: “foda-se suas leis, foda-se você!”

Fernanda Negrini (Vice Br)

Foto: Fernanda Negrini (http://vice.com)

Por Arthur Dantas
Na geração mais recente e atuante de artistas hip hop, você encontra de tudo um pouco, desde o cronista urbano ébrio por excelência - Ogi -, ao MC que leva sua bagagem rap para outros formatos e causa furor, como o Criolo, por exemplo. Uns revolucionam o gangsta com tempero local e um ou dois ases na manga - como Don L. -, e tem até os que encarnam com perfeição a boa e velha tradição do cavaleiro solitário que segue adiante apesar de tudo e todos, como o Kamau. Mas além de todas as virtudes comumente atribuídas ao Emicida nos meios de comunicação (sobretudo, a do cara que renovou o público de rap e recriou a altivez do gênero), a que me chama mais a atenção é o amadurecimento explícito através de seus trabalhos e intervenções como figura pública. Sua nova faixa, “Dedonaferida”, produzida por seu já habitual parceiro Renan Samam, é um exemplo disso.

“Dedicado às vítimas do [favela do] Moinho, Pinheirinho, Cracolândia, Rio dos Macacos, Alcântara e todas as quebradas devastadas pela ganância”.

A faixa contou com direção de Nicolas Prado - parceiro da Laboratório Fantasma desde que passou a trabalhar com o MC no programa Sangue B, da MTV -, usando imagens dos conflitos recentes retiradas da internet, além de captação doeEmicida e DJ Nyack, direto do [bairro] “Cachoeira, laje da dona Jacira, mais precisamente”, como informado pelo produtor e irmão do MC, Evandro Fióte.

O beat pesado, emulando a era de ouro do rap mais politizado, tanto estadunidense quanto brasileiro, parece feito sob encomenda.  Pergunto para o rapper se o beat foi feito sob encomenda como imaginava e descubro o engano: “Ele me mandou, eu ouvi aqui e escrevi um dia, do nada.”E porque decidiu ser mais explícito nessa letra é o que pergunto na sequência: “Acho que a abordagem tinha que ser essa, isso tem que soar como um tapa na cara”.

Lembro da expressão “tapa na cara da burguesia”, que de tão mal empregada e desgastada, virou inclusive piada em clipe clássico(http://www.youtube.com/watch?v=osIx2eCbk-c) da trupe do extinto programa de humor Hermes e Renato. A letra, cheia de imagens violentas (TV cancerigena,
aplaude prédio em cemitério indígena. / Auschwitz ou gueto? Índio ou preto? / Mesmo jeito, extermínio, / reportagem de um tempo mau, tipo Plínio), vai preenchendo a batida pesada e mostra uma faceta pouco exercitada pelo MC.

Tratando de repressão policial, mídia tendenciosa e conflitos sociais, o MC não se esquivou de tratar das políticas do cotidiano e expôs a perplexidade diante de uma opinião pública que cada vez mais se adequa à pensata de famoso poeta alemão, que diz “do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento / mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem”. Confira rápido bate-papo com Emicida e o clipe logo abaixo:

Tem espaço ainda pro rap ser a “CNN do gueto”, como diz [líder do Public Enemy] Chuck D.?
Sempre vai ter. O dia que este tipo de rap não existir mais, o rap morreu - isso nem é um pensamento meu, olha a última do Mos Def
(http://www.youtube.com/watch?v=nFg7-4vBPWM) , olha o disco do Common... Os caras se ligaram que tem coisa séria que precisa ser dita ainda, por nós e pros nossos.

Em São Paulo, em particular, vive-se uma espiral de violência estatal e indiferença da população civil. No teu blog, quando você escreveu sobre Pinheirinho, muita gente chiou ou até estranhou seu posicionamento ao lado de quem foi expulso. Isso te assusta na real? Como você se sente diante disso?
Acho comum, infelizmente. O Brasil tem um histórico do povo ser colocado contra o povo e abraçar a causa da "elite": olha pro caso da USP, olha a favela do Moinho, a situação dos quilombolas, do MST, de todas as famílias sem ter onde morar... embora esta parcela da população seja gigantesca, a mídia faz com que o povo pense que são baderneiros, "maconheiros" (esta palavra que porcamente trouxeram de volta em pleno século 21). O que me assusta é a apatia das pessoas perante estas situações: você está assistindo o governo solucionar um problema de moradia com a Tropa de Choque agredindo mulher com criança de colo e acha que é isso que deve ser feito? Na hipótese mais bizarra, o Estado ainda estaria errado pela forma como trata as pessoas. Me sinto no meio de tudo isso como um peixe nadando contra a maré – sempre fui isso. Mas acho um bom teste pro rap também, no momento de exposição gigantesca e egocentrismo extremo, vamos ver quais temas ainda são relevantes... Me sinto na obrigação de dizer isto, até pela quantidade de pessoas que me ouvem. Minha música é produto do que meu coracão me permite ver, nem sempre vai ser pra sorrir, fico preocupado com gente se tornando inimiga de seus vizinhos, em função de noticias de uma imprensa vaidosa, que funciona de acordo com seus próprios interesses.

A letra do Racionais MCs que diz "não confio na polícia, raça do caralho" continua valendo em 2012?
Infelizmente, sim.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Tributo à Gente Humilde de Pinheirinho

 

Gente Humilde

Garoto, Chico Buarque e Vinicius de Moraes

 

Tem certos dias

Em que eu penso em minha gente

E sinto assim

Todo o meu peito se apertar

Porque parece

Que acontece de repente

Como um desejo de eu viver

Sem me notar

Igual a tudo

Quando eu passo no subúrbio

Eu muito bem

Vindo de trem de algum lugar

E aí me dá

Como uma inveja dessa gente

Que vai em frente

Sem nem ter com quem contar

 

São casas simples

Com cadeiras na calçada

E na fachada

Escrito em cima que é um lar

Pela varanda

Flores tristes e baldias

Como a alegria

Que não tem onde encostar

E aí me dá uma tristeza

No meu peito

Feito um despeito

De eu não ter como lutar

E eu que não creio

Peço a Deus por minha gente

É gente humilde

Que vontade de chorar

BIG BROTHER BRASIL UM PROGRAMA IMBECIL

!cid_2_2440678172@web39305_mail_mud_yahooCordel de  Antonio Barreto,

cordelista de Santa Bárbara-BA,  residente em Salvador.

 

Curtir o Pedro Bial

E sentir tanta alegria

É sinal de que você

O mau-gosto aprecia

Dá valor ao que é banal

É preguiçoso mental

E adora baixaria.

 

Há muito tempo não vejo

Um programa tão fuleiro

Produzido pela Globo

Visando Ibope e dinheiro

Que além de alienar

Vai por certo atrofiar

A mente do brasileiro.

 

Me refiro ao brasileiro

Que está em formação

E precisa evoluir

Através da Educação

Mas se torna um refém

Iletrado, zé-ninguém

Um escravo da ilusão.

 

Em frente à televisão

Lá está toda a família

Longe da realidade

Onde a bobagem fervilha

Não sabendo essa gente

Desprovida e inocente

Desta enorme armadilha.

 

Cuidado, Pedro Bial

Chega de esculhambação

Respeite o trabalhador

Dessa sofrida Nação

Deixe de chamar de heróis

Essas girls e esses boys

Que têm cara de bundão.

 

O seu pai e a sua mãe,

Querido Pedro Bial,

São verdadeiros heróis

E merecem nosso aval

Pois tiveram que lutar

Pra manter e te educar

Com esforço especial.

 

Muitos já se sentem mal

Com seu discurso vazio.

Pessoas inteligentes

Se enchem de calafrio

Porque quando você fala

A sua palavra é bala

A ferir o nosso brio.

 

Um país como Brasil

Carente de educação

Precisa de gente grande

Para dar boa lição

Mas você na rede Globo

Faz esse papel de bobo

Enganando a Nação.

 

Respeite, Pedro Bienal

Nosso povo brasileiro

Que acorda de madrugada

E trabalha o dia inteiro

Dar muito duro, anda rouco

Paga impostos, ganha pouco:

Povo HERÓI, povo guerreiro.

 

Enquanto a sociedade

Neste momento atual

Se preocupa com a crise

Econômica e social

Você precisa entender

Que queremos aprender

Algo sério não banal.

 

Esse programa da Globo

Vem nos mostrar sem engano

Que tudo que ali ocorre

Parece um zoológico humano

Onde impera a esperteza

A malandragem, a baixeza:

Um cenário sub-humano.

 

A moral e a inteligência

Não são mais valorizadas.

Os heróis protagonizam

Um mundo de palhaçadas

Sem critério e sem ética

Em que vaidade e estética

São muito mais que louvadas.

 

Não se vê força poética

Nem projeto educativo.

Um mar de vulgaridade

Já tornou-se imperativo.

 

O que se vê realmente

É um programa deprimente

Sem nenhum objetivo.

 

Talvez haja objetivo

professor, Pedro Bial

O que vocês tão querendo

É injetar o banal

Deseducando o Brasil

Nesse Big Brother vil

De lavagem cerebral.

I

sso é um desserviço

Mal exemplo à juventude

Que precisa de esperança

Educação e atitude

Porém a mediocridade

Unida à banalidade

Faz com que ninguém estude.

 

É grande o constrangimento

De pessoas confinadas

Num espaço luxuoso

Curtindo todas baladas:

Corpos belos na piscina

A gastar adrenalina:

Nesse mar de palhaçadas.

 

Se a intenção da Globo

É de nos emburrecer

Deixando o povo demente

Refém do seu poder:

Pois saiba que a exceção

(Amantes da educação)

Vai contestar a valer.

 

A você, Pedro Bial

Um mercador da ilusão

Junto a poderosa Globo

Que conduz nossa Nação

Eu lhe peço esse favor:

Reflita no seu labor

E escute seu coração.

 

E vocês caros irmãos

Que estão nessa cegueira

Não façam mais ligações

Apoiando essa besteira.

Não dêem sua grana à Globo

Isso é papel de bobo:

Fujam dessa baboseira.

 

E quando chegar ao fim

Desse Big Brother vil

Que em nada contribui

Para o povo varonil

Ninguém vai sentir saudade:

Quem lucra é a sociedade

Do nosso querido Brasil.

 

E saiba, caro leitor

Que nós somos os culpados

Porque sai do nosso bolso

Esses milhões desejados

Que são ligações diárias

Bastante desnecessárias

Pra esses desocupados.

 

A loja do BBB

Vendendo só porcaria

Enganando muita gente

Que logo se contagia

Com tanta futilidade

Um mar de vulgaridade

Que nunca terá valia.

 

Chega de vulgaridade

E apelo sexual..

Não somos só futebol,

baixaria e carnaval.

Queremos Educação

E também revolução

No mundo cultural.

 

Cadê a cidadania

Dos nossos educadores

Dos alunos, dos políticos

Poetas, trabalhadores?

Seremos sempre enganados

e vamos ficar calados

diante de enganadores?

 

Barreto termina assim

Alertando ao Bial:

Reveja logo esse equívoco

Reaja à força do mal.

Eleve o seu coração

Tomando uma decisão

Ou então: siga, animal.

Salvador, 16 de janeiro de 2010.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Declaração do PSTU: Alckmin suja as mãos de sangue: PM massacra moradores do Pinheirinho

 

Abro uma excessão no Blog, para publicar uma nada poética notícia.

Adriano

=-=-=-

Nota do PSTU:


É preciso intensificar as ações de solidariedade e realizar protestos em todo o país. O governo do PSDB deve pagar pelo seu crime! Exigimos do governo federal a desapropriação do terreno.

Governo e Justiça de São Paulo levam o caos à São José dos Campos

O massacre que aconteceu no Pinheirinho, neste domingo, dia 22, é de responsabilidade total do governador Geraldo Alckmin. Toda a criminosa decisão foi tomada diretamente pelo governador do PSDB. A ação foi claramente um absurdo jurídico, pois passou por cima da orientação do Tribunal de Justiça Federal que, na última sexta-feira, mandou suspender a desocupação. Mesmo assim, o governo do PSDB jogou a tropa de choque da Polícia Militar para expulsar brutalmente os trabalhadores pobres do Pinheirinho de suas casas.

A prefeitura e o governo do estado se aproveitaram da trégua determinada pela justiça federal para atacar o movimento de surpresa num domingo pela manhã. A invasão ocorreu por volta das 6h da manhã, com helicópteros, blindados, armas de fogo, bombas de gás e pimenta e, no mínimo, 2 mil homens vindos de 33 municípios.

Para o prefeito Cury os pobres não podem morar no Pinheirinho porque a ocupação, que ocorreu há mais de oito anos, fica próxima a bairros de privilegiados da cidade. O PSDB odeia os pobres e protege os ricos!

A prefeitura do PSDB, o governo Alckmin e a PM querem evitar ao máximo a divulgação do número de vítima da desocupação. Querem passar a imagem de uma reintegração “tranquila”. No entanto, o que ocorreu no Pinheirinho foi um massacre apoiado por um gigantesco aparato de segurança, que passou por cima de tudo, até de um mandato judicial federal.

Durante a ação, muitos moradores exibiam seus ferimentos causados pelos disparos de bala de borracha.  Há inúmeros relatos de agressão policial contra idosos, mulheres e até deficientes físicos. A polícia reprimiu os moradores de forma indiscriminada. Inúmeras mães denunciam que foram impedidas pela polícia de pegar os próprios filhos dentro da ocupação. “A gente está aqui é para o ver o bagulho ficar louco” , respondeu um soldados aos apelos de uma das mães”.

Dentro das tendas montadas pela prefeitura para abrigar os moradores, a Guarda Civil reprimiu com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha os moradores, boa parte deles mulheres e crianças, que estavam no local.

A ação militar lembrou a típica política dos governos do PSDB que, diante de graves problemas sociais, jogam suas tropas para massacrar o povo pobre e trabalhador. Foi assim, durante o governo FHC, na ocasião do massacre dos trabalhadores sem terras, em Eldorado dos Carajás (PA), quando 19 trabalhadores rurais morreram. Também foi assim no o massacre de Corumbiara, quando 12 camponeses foram assassinados.

A velha política do PSDB se repete no Pinheirinho e agora o sangue escorre das mãos de Geraldo Alckmin. O prefeito Eduardo Cury, também do PSDB, é responsável por sua negligência criminosa desde o início e recusa em negociar inclusive com o governo federal. A juíza Márcia Loureiro também é responsável, pois foi quem ordenou diretamente o massacre e manteve uma intransigência cruel.

Neste momento, é fundamental que o governo federal da presidente Dilma Rousseff se manifeste e intervenha no conflito. Exigimos do governo federal desaproprie o terreno do bandido Naji Nahas para que as famílias pobres do Pinheirinho possam continuar morando em suas casas. O terreno deve ser dos dos trabalhadores e não de um criminosos condenado por corrupção e lavagem de dinheiro!

Também apelamos para a solidariedade aos moradores do Pinheirinho, que precisam de todo o apoio de todos e todas, sejam ativistas, personalidades, políticos ou artistas. Por isso, apelamos para que as organizações dos trabalhadores convoquem atos e protestos de ruas, em todas as cidades do país, para denunciar o massacre de Geraldo Alckmin. Vamos ocupar a praças e realizar protestos contra a ação criminosa do PSDB.

É preciso intensificar as ações de solidariedade em todo o país. O governo do PSDB deve pagar pelo seu crime!

Direção Nacional do PSTU

Veja também o vídeo abaixo:

Fonte: Site do PSTU, clique aqui e faça uma visita