domingo, 22 de dezembro de 2013

O Lobão não passa de um “cumpadre” Washington que não soube envelhecer

por Ademar Lourenço, de Brasília, para a Anota.

Nunca gostei do grupo “É o Tchan”. Eu tinha asco do tal cumpadre” Washington, líder da banda. Hoje eu reconheço que o cara pelo menos tem senso de humor e soube envelhecer (não falo aqui de idade). Ninguém leva o tal “cumpadre” a sério. Ele é visto como uma subcelebridade que canta músicas que as pessoas hoje têm vergonha de dizer que já gostaram. Mas o cantor leva tudo com espírito esportivo e aceita a brincadeira. Ao assumir esse papel, o ele pelo menos se livrou do ridículo de querer ser outra coisa.

O cantor Lobão agiu diferente. Ele não aceita que sua música não encanta mais ninguém, a não ser meia dúzia de fãs. Se dependesse da carreira de roqueiro, ele não iria manter o padrão de vida. Isto é um problema para o senhor João Luiz Woerdenbag Filho, principalmente agora que o plano de saúde deve ter encarecido por conta da idade avançada.

Ao invés de assumir que é uma bizarrice do passado que as pessoas gostam de se lembrar para rir, como o “cumpadre”, Lobão partiu para a ofensiva. Agora é colunista da revista “Veja” e recentemente foi contratado pela Record. Motivo: posar de esquerdista arrependido para veículos de comunicação conservadores. Em seu primeiro artigo na Veja ele tentou desmoralizar os cantores de rap, os movimentos sociais e os ex-guerrilheiros que lutaram na resistência à ditadura militar. Em resumo, defendeu ideias totalmente contrárias ao que ele defendia na época da fama.

Se antes ele era o estereótipo do esquerdista rebelde burguês, hoje ele encarna o direitista rebelde burguês. Em 1989, ele fez campanha para o Lula. Em 2000, vendia seu CD em bancas de revista para fortalecer uma alternativa às grandes gravadores.Hoje ele faz piadas das pessoas torturadas na ditadura e calunia os movimentos sociais. Nos dois papéis ele sempre foi superficial, falso e só queria fazer polêmica para aparecer. Que bom que agora ele está com a direita. Vai com Deus, Lobão. Que a Igreja Universal te abençoe.

Se ele aceitasse o papel de roqueiro decadente que só vive dos hits do passado e fizesse piada disso, poderia ir para “A Fazenda” e talvez ganhar mais dinheiro. Também teria um fim de vida mais digno. Afinal, ele pode até ter um pequeno grupo de seguidores, mas o resto do mundo enxerga nele apenas um palhaço tentando ser levado a sério. Como se o “cumpadre” Washington estivesse tentando reativar sua carreira cantando Chico Buarque. 

Artiog publicado originalmente pela ANOTA – Agência de Notícias Alternativas acesse: http://agencianota.blogspot.com.br

sábado, 19 de outubro de 2013

Os 100 anos do poeta da paixão VINICIUS DE MORAES

 

Em outubro completa-se o centenário do nascimento de “poetinha”

Diego Cruz, da redação

A carta do diplomata lotado no Uruguai requerendo a sua transferência ao Brasil é inusitada: "Preciso de fato voltar para o Rio. Não é um problema material, de dinheiro, ou de status profissional. Tudo isso é recuperável. É um problema de amor, pois o tempo do amor é que é irrecuperável". O Itamaraty, certamente, nunca havia recebido um telegrama como aquele enviado por Vinicius de Moraes aos seus superiores lá pelos idos de 1960. O motivo do pedido não poderia ser outro: uma paixão, algo que sempre guiou tanto a obra do poeta quanto sua própria vida.

Nesse centenário do nascimento de Vinicius, pode-se afirmar que ele permanece vivo e arraigado ao imaginário social do país. De Garota de Ipanema, escrita com seu parceiro mais célebre, Tom Jobim, e talvez a música mais executada no planeta, ao inconfundível soneto que embala há décadas as cartas de amor e cujos versos se iniciam da seguinte forma: "Amo-te tanto, meu amor... não cante/ O humano coração com mais verdade...", o poeta segue presente em nosso dia-a-dia.

Vinicius, que completaria 100 anos no próximo dia 19 de outubro, foi muitos. Compositor, dramaturgo, diplomata e, claro, poeta.

"Foi tornando-se Vinicius"
Vinicius nasceu Marcus Vinicius de Moraes, no bairro da Gávea, num Rio de Janeiro bem diferente do atual em que a cidade, embora já grande, ainda não era a metrópole de hoje. Ainda que sua família não fosse exatamente rica, seus pais puderam garantir uma educação rigorosa num tradicional colégio jesuíta em que estudava a elite carioca. Em casa, Vinicius teve a influência do pai, um funcionário da prefeitura e poeta amador e da mãe, também pianista amadora.

Essa dicotomia entre a tradição e a modernidade e o popular, tenha talvez sido reforçada pelo contato com um operário que morava num puxadinho na chácara de seus avós e que, à noite, batucava um samba. Mas o fato é que o jovem Vinicius não se parece em nada ao poeta que conhecemos hoje. Estudante de direito e politicamente próximo dos integralistas (ele só abandonaria a predileção pelo fascismo anos depois após uma viagem ao Nordeste), Vinicius era um poeta preso à rigidez das métricas. Com apenas 23 anos publicou o livro "Forma e Exegese", obra que, além da atenção à forma, refletia a influência da religiosidade dos jesuítas e que acabou ganhando um prêmio nacional de literatura.

Mas aquele não era Vinicius, como o também poeta e amigo pessoal, Ferreira Gullar, fez questão de enfatizar no documentário "Vinicius" de 2006. "Aquilo não é ele, então, pouco a pouco, ele vai se tornando Vinícius Moraes". Numa espécie de "Benjamin Button" dos trópicos, aquele garoto de trajes sisudos e poemas rebuscados vai se tornando cada vez mais jovem à medida que envelhecia, adotando uma métrica mais livre e incorporando os temas do cotidiano. Um caminho que levou décadas a ser percorrido e que conduziu, ao final, a um dos maiores tradutores de nossa "alma brasileira", se é que se pode falar em algo assim.

O encontro com a música popular
Como ocorreu a incursão de Vinicius ao mundo da música popular? Após ter passado uma temporada na Inglaterra para estudar literatura e já casado, ele arruma um emprego de diplomata no Itamaraty, serviço que lhe permitiria nos anos seguintes viajar pelo mundo, conhecer toda uma gama de artistas e intelectuais e que, de quebra, ainda lhe garantiu tempo para se dedicar à poesia. Na década de 1940 e boa parte dos anos 1950, desta forma, Vinicius de Moraes se firma como um reconhecido e respeitado poeta.

Sua entrada triunfal no universo da música popular, no entanto, só iria ocorrer em 1956, data em que ele lança a peça de teatro "Orfeu da Conceição". Era, na verdade, a adaptação de um roteiro para um filme chamado "Orfeu Negro" cuja produção não havia dado certo devido à falta de financiamento (seria filmado posteriormente). Tratava-se de uma releitura do mito grego de Orfeu transposto para a favela do Rio. O heroi aqui, porém, já não é o inventor da cítara que enternecia musas e sereias, mas um sambista negro do morro. Para compor as músicas, Vinicius recrutou um jovem pianista de 29 anos que ganhava a vida tocando em bares de Copacabana. Seu nome era Tom Jobim.

A questão racial, aliás, foi sempre cara a Vinicius, que se intitulava "o branco mais negro do Brasil". Seu poema (que depois se tornou música) "Blues para Emmett" fala sobre o brutal assassinato de um jovem negro no Missipi em 1955. O garoto de 14 anos, Emmett Louis Till, foi barbaramente torturado e morto por ter assobiado a uma mulher branca na rua. "Os assassinos de Emmett/Chegaram sem avisar/Mascando cacos de vidro/Com suas caras de cal", diz a música, que é entrecortada pelo lamento "Poor mamma Till!" (Pobre mamãe Till).

Dois anos depois de Orfeu, em 1958, o disco "Canção do Amor Demais", interpretada pela cantora Elizeth Cardoso, trazia músicas da parceria Tom e Vinicius e que foram consideradas o marco fundacional da Bossa Nova, principalmente pela música "Chega de Saudade" com a batida inovadora do violão de João Gilberto. Isso tornou o nome de Vinicius para sempre associado à bossa nova, o movimento que unia o jazz norte-americano ao samba brasileiro e que, de forma até certo ponto injusta, ganhou uma pecha de elitista por ter sido gestada nos interiores dos apartamentos de Copacabana. 

Um artista inquieto
No decorrer de sua carreira musical, Vinicius de Moraes trabalhou com quase todos os ícones da MPB do século XX, como o próprio Tom Jobim, além de Chico Buarque, Edu Lobo, Carlos Lyra, entre outros, produzindo canções que estarão eternamente em nosso repertório. No entanto, outra faceta marcante do poeta foi sua inquietude, não só em relação á vida como em sua música, e daí uma das razões pelos quais não seja possível circunscrever sua obra à bossa-nova.

Em 1966, por exemplo, Vinicius se aliou ao virtuoso violonista Baden Powell para produzir o que batizaria de "Afro-sambas". O resultado foi um disco altamente influenciado pelos instrumentos, sonoridade e temas de origem africana e do candomblé. Um disco cuja genialidade talvez ainda esteja para ser plenamente reconhecido, ainda que tenha produzido “sucesso” como "O Canto de Ossanha".

Já os anos 1970, em sua fase derradeira, ficaram marcados pela parceria com o então jovem músico Toquinho, discípulo de Paulinho Nogueira, um dos maiores violonistas da história do Brasil.  Os dez anos de parceria renderam músicas como "Como Dizia o Poeta", “Testamento”, além de quase duas dezenas de discos. Foram os anos de sucesso, das turnês internacionais e shows nos estádios, findos apenas com a morte precoce do poeta em 9 de julho de 1980.

O poeta da paixão
Por que, mais de trinta anos após a sua morte, Vinicius de Moraes continua despertando tamanho fascínio? Talvez parte da resposta venha de sua genialidade, tendo sido apontado como um dos maiores sonetistas da língua portuguesa após Camões. Talvez, parte também venha de seu caráter contestador, que lhe teria custado o posto de diplomata após o decreto do AI-5 e a aposentadoria compulsória pelos militares.

O fato é que Vinicius foi daqueles poucos artistas que fizeram da própria vida uma extensão de sua arte. De uma sensibilidade aguçada movida a paixões desenfreadas, usava o álcool para se proteger das dores do mundo (daí tiradas que entraram para a história, como a que o uísque é “o cão engarrafado”).

Carlos Drummond de Andrade conseguiu definir bem o amigo: "Vinicius é o único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão. Quer dizer da poesia em seu estado natural". Não escondendo a inveja, o velho poeta engomadinho de Itabira ainda confessou: "Eu queria ter sido Vinicius de Moraes". E quem não queria?

LEIA MAIS
Site traz vida e obra do poeta

Fonte: Site do PSTU, clique aqui e visite

sábado, 21 de setembro de 2013

A MÁSCARA DE UM RATO (sobre um fascistinha de merda)

Hoje vi um rato.

Vermes saiam de sua boca,

em forma de palavras!

Um ser rastejante, nojento,

de comportamento repugnante.

 

Esse imundo,

um porco fascista,

se fazia de terno, de moço educado.

E de terno e gravata,

quase me seduziu,

o canalha,

com seu canto de sereia!

 

Mas cedo ou tarde,

Os ratos fascistas deixam suas tocas

e ejaculam

como estupradores que são,

o veneno do autoritarismo e do ódio.

 

A máscara deste rato caiu.

Mas segundo ele próprio,

sua ninhada degenerada é grande

mais de cento e cinquenta!

 

Mas a arapuca está armada,

minha AK 47 - que em verdade,

por ora, é apenas minha caneta -

também: Fascistas não passarão!

Em 21.09.2013

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

sexta-feira, 19 de julho de 2013

A Esperança por Vladimir Maiakovski

Maiakosvisk

Injeta sangue no meu coração, enche-me até o bordo das veias! Mete-me no crânio pensamentos! Não vivi até o fim o meu bocado terrestre , sobre a terra não vivi o meu bocado de amor. Eu era gigante de porte, mas para que este tamanho? Para tal trabalho basta uma polegada. Com um toco de pena, eu rabiscava papel, num canto do quarto, encolhido, como um par de óculos dobrado dentro do estojo. Mas tudo que quiserdes eu farei de graça: esfregar, lavar, escovar, flanar, montar guarda. Posso, se vos agradar, servir-vos de porteiro. Há, entre vós, bastante porteiros? Eu era um tipo alegre, mas que fazer da alegria, quando a dor é um rio sem vau? Em nossos dias, se os dentes vos mostrarem não é senão para vos morder ou dilacerar. O que quer que aconteça, nas aflições, pesar... Chamai-me! Um sujeito engraçado pode ser útil. Eu vos proporei charadas, hipérboles e alegorias, malabares dar-vos-ei em versos. Eu amei... mas é melhor não mexer nisso. Te sentes mal?

segunda-feira, 25 de março de 2013

ENCONTRO COM A TEORIA

Uma crônica que acabo de escrever, convido vocês à leitura.

Adriano

=-=-

ENCONTRO COM A TEORIA

Ao final daquela noite, ele passou refletir. Raciocinava como quem busca lenitivos para a insignificância que sentia corroer as entranhas de sua alma e tudo o que entendia fazer sua vida, nos altos de seus quarenta e poucos anos, feliz.

Aquele pobre homem, que outrora chegou a ser referência para muitos de seu meio, queria apenas uma explicação racional, que fosse compreendida pela maioria de seus semelhantes, sobre a amargura provocada pela exclusão social na qual nos encontramos imersos. Sua desgraça é que não se faz possível uma real absorção de explicações racionais por pessoas que acreditam na existência humana como fruto de uma vontade divina e em missionários que fazem da fé alheia meio de acumulação de riquezas.

Assim, o perturbado homem, cônscio da inexistência de eco para suas palavras, resquício de uma sanidade insana, deveras egoísta, optou em quedar-se silente numa aparente rendição ao sistema que ele tanto combateu.

Entretanto, sem quaisquer certezas do caminho a tomar, avançando no interior de sua inexpressiva existência (para os donos do poder ele estava morto), passou a anotar, a escrever, concatenando seu raciocínio e, acreditem à moda antiga, fazendo sua caneta despejar no papel toda a inquietude que brotava de seu coração, com o sincero desejo de que, um dia, suas palavras pudessem ajudar na luta pela mudança de tudo que ele refutava neste mundo.

E eis que o personagem desta diminuta crônica, se é que este texto merece essa classificação, reencontrou um sentido para sua vida e o homem, que até então não sentia audiência para suas palavras, passou a ver o mundo com um novo olhar e perceber que, apesar de parte dos seus terem se rendido ao poder, ainda havia esperança para o amor e a felicidade, ou seja, para plenitude da vida humana.

E eis que, em meio às escritas noturnas, as quais vez ou outra me dedico, encontro homem calado de outrora e sua mensagem de combate à indiferença que contamina a humanidade. Da sabedoria de seus escritos eu e tantos outros aprendemos que somente nos organizamos poderemos nos desorganizar e superar o sistema que nos oprime.

Assim como ele, lutamos por um novo mundo, socialmente justo e equilibrado e aspiramos que você também compreenda o real sentido destas palavras.

Adriano Espíndola Cavalheiro

Em 25.03.2013.

Mais textos de minha autoria em http://www.recantodasletras.com.br/autores/adrianoespindola

sexta-feira, 8 de março de 2013

VÍDEO SOBRE O 8 DE MARÇO: Minha homenagem às mulheres



O Vídeo abaixo traz um debate, sob o ponto de vista das mulheres trabalhadoras, sobre o Dia Internacional da Mulher.
Assistam e divulguem:

sábado, 2 de março de 2013

OLHOS ARDENTES - MINHA HOMENAGEM AOS 193 ANOS DE UBERABA


Como é belo o por do Sol
no cerrado de Uberaba!
Lá longe, no horizonte,
dá até para ouvir o estalar
do Sol e da Terra 
se beijando na boca
(Basta libertar a Imaginação)

Facetas multicoloridas:
AMARELO
VERMELHO
SALMÃO
LILAS
ROXO
AZUL
e dali a pouco o NEGRO

Matizes maravilhosas...
Um verdadeiro orgasmo do universo!

26/07/1997

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

sábado, 5 de janeiro de 2013

SOBRE O NOSSO RACISMO DE CADA DIA. ASSISTA O CURTA: Pode me Chamar de Nadi / Just Call Me Nadi on Vimeo

Ainda que despolitizado e extremamente superficial, no que diz respeito ao racismo, o curta-metragem abaixo é interessante, mostra as dificuldades das crianças frente ao racismo nosso de cada dia...

Além disso, mostra o como é legal fazer cinema, pois o filme, não obstante sua qualidade, é totalmente amador.
Assistam.

Adriano


Fonte: vimeo.co http://vimeo.com/34217717